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Bloco opõe-se ao encerramento da farmácia de São Pedro de Sintra

Bloco opõe-se ao encerramento da farmácia de São Pedro de Sintra (imagem retirada de google maps)
Bloco opõe-se ao encerramento da farmácia de São Pedro de Sintra (imagem retirada de google maps)

A 30 de abril a Assembleia da União de Freguesias de Sintra foi chamada a pronunciar-se sobre a possibilidade de encerramento das atuais instalações da Farmácia Valentim, em São Pedro de Sintra, e sua deslocalização para junto do hipermercado Auchan, na fronteira com as freguesias de Algueirão Mem Martins e Rio de Mouro.

Só o Bloco de Esquerda votou contra uma alteração que vai privar a população de S. Pedro da sua farmácia de proximidade. Os restantes partidos (PS, CDU, CDS e PSD) votaram a favor do parecer que permitirá que a mudança aconteça.

Há já alguns anos que os donos da farmácia pretendem encerrar as instalações em São Pedro de Sintra e usar a licença deste estabelecimento para abertura de uma nova farmácia junto do hipermercado Auchan, um local onde só se pode chegar de carro.

Estamos perante um negócio que não vai ao encontro dos interesses da comunidade. Apesar de localizado no território da freguesia, o novo equipamento deixará de servir a população de São Pedro, pois para lá chegar, qualquer que seja o caminho escolhido, os fregueses encontrarão outras farmácias pelo caminho.

Esta é uma história que já vimos acontecer noutros sítios. Devido à dificuldade de licenciar novas farmácias, os grandes grupos económicos procuram expandir o seu negócio através da compra de licenças de pequenas farmácias, situadas em zonas com menos população, que depois acabam por fechar para poderem usar a licença para abertura de espaços noutros locais. Ao aprovar esta mudança, a Assembleia de Freguesia abriu um precedente que poderá levar ao encerramento e deslocalização de outras farmácias da freguesia.

O pedido de parecer para mudança da farmácia já havia sido aprovado em 2019 na Assembleia de Freguesia (votos favoráveis de PS, CDU, CDS e PSD e uma abstenção de um vogal do PSD). Uma mudança nas condições do negócio obrigou à votação de um novo parecer para permitir a alteração, uma oportunidade que deveria ter servido para a Junta de Freguesia salvaguardar os melhores interesses da população.

Para compensar a população pelo fim da sua farmácia, os proprietários prometem abrir no local uma parafarmácia. Na opinião do Bloco de Esquerda, não é uma contrapartida suficiente para cobrir a perda de um serviço público essencial por uma comunidade em parte envelhecida e com dificuldades de mobilidade.

O Bloco de Esquerda não é insensível ao argumento dos proprietários que referem ser a farmácia deficitária na localização atual. No entanto, recordamos que a nova localização tem uma elevada concorrência, sendo possível encontrar nas suas imediações pelo menos sete farmácias (quatro na freguesia de Algueirão Mem Martins, duas na freguesia de Rio de Mouro e uma na União das Freguesias de Sintra, a farmácia da Abrunheira).

Por outro lado, e apesar de ser um negócio particular, não podemos esquecer que as farmácias prestam um serviço público fundamental às populações que não pode ser esquecido. Assim, faria sentido mudar a farmácia Valentim para novo local dentro de São Pedro ou em Chão de Meninos, mas não faz sentido mudá-la para uma zona que, na prática, é inacessível à população que agora serve.

Nas últimas décadas São Pedro de Sintra tem-se visto privado de diverso comércio e serviços, o que torna este lugar menos atrativo para residência das gerações mais jovens. O encerramento e deslocalização da Farmácia Valentim significará mais um passo nesse caminho de abandono e transformação motivada por interesses económicos que não olham às pessoas e às suas necessidades.

Os autarcas e as autarcas do Bloco de Esquerda são eleitos para defender os interesses da população e é por isso que se batem, algo que, neste caso particular, não aconteceu com os outros partidos. Lamentamos que PS, PSD, CDS e CDU tenham aprovado este segundo pedido de encerramento e deslocalização da farmácia.

Sintra, 2 de Maio de 2021