Opinião de André Beja, Deputado Municipal
A 6 de novembro, na Assembleia Municipal, interpelei o presidente da Câmara de Sintra sobre situação de seca que o país enfrenta, pedindo-lhe informação sobre as medidas que o município está a tomar para enfrentar o problema. Fi-lo por preocupação com futuro próximo e por dever de solidariedade, pois todas as poupanças que consigamos garantir aqui, onde a água ainda não falta, são um ganho em termos de sustentabilidade e uma mensagem de apoio a quem tem menos água ao seu dispor.
Na resposta, Basílio Horta sublinhou o esforço que tem sido feito no combate às fugas e perdas de água na rede, o reforço da capacidade de abastecimento e o plano de combate às alterações climáticas, não fazendo, no entanto, referência a medidas de contingência para responder ao momento actual.
Sejamos claros: o problema da seca não se resolve de um dia para o outro, tem de ser encarado de uma perspectiva ampla, que reflicta o modelo de desenvolvimento que adoptamos, os recursos que temos ao nosso dispor e o uso que deles fazemos. As medidas de fundo apontadas são um contributo para esse esforço pelo que, mesmo que entrem em contradição com algumas opções de ordenamento do território feitas pela Câmara de Sintra nos últimos 4 anos, não devem ser desvalorizadas.
Mas a urgência do momento requer preocupação redobrada. Assim, seria de esperar que a Câmara já tivesse em marcha um plano de contingência para diminuir uso supérfluo e desperdício de água, com medidas que, sendo extraordinárias, se revestem de racionalidade e têm um efeito pedagógico importante, podendo ser mantidas quando a conjuntura for outra. É também necessário antecipar cenários e definir as respostas a dar no caso da situação se agravar.
Uma observação atenta da realidade e a consulta aos sites da autarquia permitem concluir que não está a ser dada importância a medidas como, entre outras, o ajuste de horários e periodicidade de rega de jardins e espaços verdes, a revisão da política de utilização de água no espaço público (limpezas, fontes e ornamental), bem como a criação ou reforço imediato de campanhas de sensibilização para a poupança dirigidas a cidadãos e cidadãs, às escola e a agentes económicos.
Perante a crise que estamos a viver, a Câmara de Sintra deverá olhar para as boas práticas de outros municípios e corrigir a trajectória, tomando a dianteira na resposta que é preciso construir, antecipando problemas e preparando a população para os mesmos. Esperemos que quem tem responsabilidade de dar esse passo se apresse. E que não se distraia pelo caminho.