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Os refeitórios escolares e a alimentação das nossas crianças

José Barrosa Dias, Eleito do Bloco
José Barrosa Dias, Eleito do Bloco

A Escola Pública, como um dos pilares do nosso regime democrático, tem de ser encarada de uma forma global para que possa cabalmente cumprir o seu papel de enorme relevância na nossa sociedade. Assim sendo, se exigimos que as nossas escolas tenham todas as condições para uma harmoniosa e profícua vivência de toda a comunidade escolar, para que possa aprender, ensinar e trabalhar melhor, também devemos exigir que, o que se passa nos refeitórios dessas escolas contribua para essa vivência positiva de toda a comunidade escolar, a começar pelas crianças e jovens que ela acolhe.

Nos últimos tempos temos assistido no espaço público a diversas queixas e denúncias sobre a quantidade e a qualidade da comida aí servida. Desde doses mínimas, a comida crua ou com larvas, temos ouvido de tudo. Esta situação, para além de desmotivar, e prejudicar mesmo a capacidade de atenção e aprendizagens das nossas crianças e jovens, pode colocar questões de saúde pública.

Tudo isto acontece devido a diversos fatores, sendo para nós o mais importante a adjudicação dessas mesmas refeições a fornecedores externos que têm como principal objetivo o lucro, e sobre os quais as Direções das escolas têm pouco ou nenhum controlo. Quando o Estado paga a esses fornecedores externos cerca de 1,20€ ou 1,30€ por refeição, valor no qual, para além de tudo o resto, está também incluída a sua margem de lucro, é fácil esperar que o serviço não seja o melhor nem o mais cuidado, e que os produtos não possam ser bons e em quantidade.

Porque nem todos podem ir almoçar a casa ou mesmo trazer comida para a escola, temos de exigir que as refeições servidas nos refeitórios da nossa Escola Pública sejam de qualidade e em quantidade suficiente, de forma a alimentar condignamente as nossas crianças e jovens, bem como todos os outros membros da comunidade escolar que a utilizem, não podendo esquecer que para muitas dessas crianças e jovens, a refeição comida no refeitório da escola é a única refeição quente e equilibrada que comerão em todo o dia.

Assim sendo, temos de exigir ao governo e às autarquias, tanto ao nível nacional como, evidentemente, ao nível da nossa freguesia e do nosso concelho, que a gestão dos refeitórios volte para a gestão direta da própria escola, e que esta volte a contratar ecónomas/os e cozinheiros/as e restante pessoal, para proporcional um bom serviço, fundamental na nossa Escola Pública.

 

José Barroso Dias, Eleito do Bloco em Massamá Monte Abraão

Artigo publicado em "ACONTECE - Massamá e Monte Abraão em notícias", Dezembro de 2017