Sintra: Bloco repudia compadrio e extrema direita no novo executivo municipal

O Bloco de Esquerda de Sintra manifesta o seu repúdio com o acordo estabelecido entre o PSD e o Chega em Sintra, que garante a entrada da extrema direita para o Executivo Municipal do segundo maior município do país.

Ao escolher governar com o Chega, Marco Almeida e o PSD  não só contradizem o “não é não” que o PSD andou a apregoar, traindo a confiança de quem votou na coligação PSD-IL-PAN para evitar a vitória da extrema direita, como confirmam a deriva ideológica de um projeto político disposto a abdicar de princípios democráticos em nome do poder.

Quem também não sai ileso desta história é a Iniciava Liberal, cuja direção nacional, embora soubesse desde agosto da abertura de Almeida para trazer o Chega a bordo, veio agora tentar salvar a face à pressa, retirando a confiança política à sua cabeça de lista.

A entrada da extrema-direita na governação local não é um detalhe nem um acaso — é uma escolha consciente que normaliza o discurso do ódio, da exclusão e da xenofobia. O PSD e a  vereadora eleita pela IL, que tanto falam em responsabilidade e moderação, revelam afinal a sua disponibilidade para pactuar com quem ataca diariamente os direitos das mulheres, dos imigrantes, das minorias e dos/as trabalhadores/as.

Sem surpresas, a vereadora Rita Matias escusou-se a assumir as responsabilidades executivas.

Prefere manter-se no conforto do Parlamento, acumulando funções e protagonismo político. Esta é a medida da seriedade do acordo: um arranjo de bastidores que garante lugares e influência, mas que foge às obrigações do serviço público e do trabalho autárquico. Sintra merece mais do que vereadoras-fantasma ao serviço da propaganda e do extremismo.

Mas a promiscuidade política não se fica por aqui. É também inaceitável que a gestão dos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) seja entregue ao marido da vereadora eleita pela IL. O PSD e a vereadora eleita pela IL fazem da autarquia uma extensão das suas redes de influência e favores, transformando cargos públicos em espaços de conivência partidária. Além de um insulto à transparência, à ética e à confiança do eleitorado,  esta decisão deixa a porta aberta à privatização de um bem e de serviços essenciais, opção que já mostrou ser pior e mais cara para os e as  munícipes de outros concelhos.

O que está em causa não é apenas a composição de um executivo. Está em causa o futuro democrático do concelho. A governação de Sintra com a extrema-direita ameaça valores fundamentais de igualdade, solidariedade e respeito pela diversidade. Põe em risco os avanços sociais e a defesa dos serviços públicos. E mina a confiança da população numa autarquia que devia ser casa de todos, e não palco de negócios e entendimentos obscuros.

O Bloco de Esquerda de Sintra reafirma, por isso, o seu compromisso com uma alternativa assente na justiça social, na igualdade de direitos e na defesa intransigente da democracia. Mesmo não tendo conseguido eleger representantes, em Sintra o Bloco mereceu a confiança de cerca de 3 mil eleitores, razão pela qual se manterá vigilante e atuante, lado a lado com a população, para travar cada tentativa de instrumentalizar o poder local e para defender um concelho livre, solidário e justo — onde ninguém seja deixado para trás e onde os direitos humanos valem mais do que os arranjos políticos de conveniência.

Sintra, 7 de Novembro de 2025 A coordenação concelhia do Bloco de Esquerda de Sintra