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Deputados do BE visitaram zona de abate de árvores no Parque Natural Sintra-Cascais

Deputados Pedro Soares e Carlos Matias no PNSC
Deputados Pedro Soares e Carlos Matias no PNSC

Os deputados bloquistas Pedro Soares e Carlos Matias visitaram hoje a zona onde está previsto o abate de árvores no Parque Natural Sintra-Cascais (PNSC) tendo questionado as responsáveis do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), presentes no local, sobre este processo e apelado a “ter em conta as preocupações das pessoas”.

A Diretora do Departamento de Conservação da Natureza e Floresta de Lisboa e Vale do Tejo, Maria de Jesus Fernandes, garantiu que o abate era uma “intervenção cirúrgica” que incide sobre cerca de 1400 árvores e não as mais de três mil noticiadas; que os critérios para o abate seriam a segurança na beira das estradas em primeiro lugar e depois outros como o facto de estarem em fim de vida e ainda a concorrência com espécies autóctones (sobre este critério corrigiu mais tarde que nenhuma árvore foi marcada para corte por ser exótica); que a retirada destas árvores não agravará o problema das árvores invasoras e ainda que a questão financeira não esteve na base da decisão. Contudo, reconheceu também que a operação “peca por tardia” porque não houve recursos para outro tipo de intervenções ao longo do tempo, tendo até considerado que todo o perímetro do PNSC “carece de uma intervenção de fundo” para o qual não há “quadro financeiro adequado”.

Depois da diretora ter qualificado o problema de espécies invasoras como as acácias como “um drama” por resolver devido aos constrangimentos económicos, a engenheira do PNSC, Cláudia Almeida, alegou, a propósito de não estar previsto o corte da maior parte dos eucaliptos na área marcada, que “meia dúzia não foram marcados porque não nos parecia tão urgente”.

Vários elementos de associações locais de defesa do património e do ambiente estiveram também presentes levantando questões sobre a ausência de um estudo paisagístico, a razão pela qual nas zonas privadas, nomeadamente no Penha Longa Resort, a questão da segurança não foi colocada e sobre a prevalência impossível de critérios de distância de segurança nas beiras de estradas na Serra de Sintra. Cláudia Almeida respondeu que o carácter “cirúrgico” da intervenção dispensava um estudo paisagístico e não haveria desestabilização no banco de sementes nem “alterações ao nível do ensombramento” e que a intervenção nos espaços privados não se tinha colocado.

As responsáveis pelo ICNF garantiram que vai haver um processo de retificação pelo que nem todas as árvores marcadas serão cortadas tendo mostrado disponibilidade para aceitar sugestões nesse processo. O Bloco irá solicitar a listagem de todas as árvores a abater e a fundamentação para o abate, de modo a permitir uma verificação mais pormenorizada no terreno

Ficou ainda clara a falta de diálogo entre o ICNF e as populações e autarquias ao longo de todo este processo, bem como sinais claros de anos de desinvestimento na floresta. As associações presentes no local queixaram-se de não terem sido respondidos contactos anteriores efetuados com esta entidade e prometeram continuar vigilantes tendo uma intervenção mais directa no processo que até agora não lhes tinha sido possibilitada.

Ao longo da vasta área da “intervenção cirúrgica” são facilmente visíveis exemplares de pinheiros que não parecem enquadrar-se no quadro de problemas fitossanitários que tinham sido alegados inicialmente para o corte, nem no critério de fim de vida ou em risco de queda pelo que as dúvidas sobre o processo persistem.