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Preservar e dignificar a memória de Queluz e Belas, trabalhando por uma cidade para as pessoas

Paulo Mourão
Paulo Mourão

Na tomada de posse da Assembleia da União de Freguesias de Queluz e Belas, Paulo Mourão assinalou que, no mandato que agora se inicia, o Bloco se baterá pelo reforço da acção social e por políticas de integração das diferentes gerações e culturas, pela requalificação dos centros históricos e da memória da cidade, promovendo espaços mais humanizados e redes de vizinhança e solidariedade.

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Membros eleitos dos órgãos autárquicos, cidadãs e cidadãos das freguesias de Queluz e Belas, Senhoras e Senhores presentes,

O Bloco de Esquerda, apresentou-se nestas eleições com a convicção de contribuir para acabar com a lógica suburbana de dormitório e transformar Queluz e Belas em freguesias onde dê gosto viver.

É nesse sentido que nos comprometemos a trabalhar dentro e fora dos órgãos autárquicos, como aliás sempre têm feito os eleitos do Bloco de Esquerda, privilegiando a participação das pessoas, visto que só com elas será possível a mudança.

Vivemos uma profunda crise social, agravada pelas políticas de austeridade, impostas pela Troika / Governo PSD-CDS, traduzidas no aumento brutal de impostos, na redução forçada dos custos do trabalho e em cortes ilegítimos, imorais e antissociais, nos salários, e nos apoios sociais e pensões.

O Bloco de Esquerda afirma que a austeridade não é solução.

Há outro caminho, que passa por reestruturação da dívida, com auditoria e apuramento da sua parte ilegítima (há exemplos históricos e até atuais tal como, salvo as devidas diferenças, o do empresário das peúgas de Barcelos que contestou em tribunal um contrato "swap" assinado com instituição bancária em 2008 e agora, cinco anos depois, viu o Supremo Tribunal de Justiça dar-lhe razão, com derrota do banco)

Esse outro caminho passa também pelo, crescimento da economia e pagamento da dívida em função desse crescimento (como aliás já foi praticado com a dívida da Alemanha a seguir à 2ª guerra mundial).

Para nós os serviços de proximidade são fundamentais.

Os Correios, a Água, o Serviço Nacional de Saúde e a Escola Pública, têm de ser defendidos.

O aumento brutal dos impostos leva à ruína as micro, pequenas e médias empresas e as famílias, enquanto a banca e grandes empresas são premiadas.

O desemprego e a redução forçada dos custos do trabalho trazem pobreza e exclusão social.

Neste contexto de restrições orçamentais, assumem-se como prioritárias as questões relativas à situação social nas Freguesias de Queluz e Belas.

Ao mesmo tempo deve haver empenho dos órgãos autárquicos na construção de propostas e soluções para os problemas da saúde, da requalificação dos espaços públicos, da mobilidade, ordenamento do território, ambiente, educação, cultura, participação e transparência.

Permitam-me, destacar 2 ou 3 dos principais pontos, pelos quais nos bateremos:

- Defendemos o reforço do apoio social e humanitário às famílias mais carenciadas, consolidando as redes de apoio já existentes com diversas instituições e associações, com a coordenação de um conselho social local, que não tem existido;

- Apostamos no social e no educativo, promovendo em espaços mais humanizados, as redes e relações de vizinhança e solidariedade, e os saberes dos mais idosos a partir dos equipamentos educativos (por exemplo promovendo sessões com idosos para explicar e exemplificar as suas atividades profissionais, facilitando a orientação profissional dos jovens…) ;

- Defendemos uma rede de equipamentos e serviços de proximidade públicos – Creches, jardins de infância, ATLs, centros de dia e apoio domiciliário a idosos (porque não abrir os espaços da freguesia à infointegração de idosos, no caso de não haver associações que prestem este serviço; podem ficar menos sós, se contatarem a família e amigos pela internet, skype , etc.);

- Exigimos a construção de um novo centro de saúde em Queluz, e relativamente ao centro de saúde de Belas, opomo-nos ao seu encerramento e defendemos a construção de um novo;

(Esta situação é uma vergonha … ; a passagem do CS de Belas para as instalações no Monte Abraão, já para o próximo mês vem criar enormes dificuldades e custos de acesso aos seus utentes tornando ainda mais difícil o direito á saúde dos idosos e mais carenciados);

- Propomos e defendemos um programa municipal de reabilitação do Mercado de Queluz e das casas devolutas e degradadas;

- Propomos e defendemos a resolução, com alargamento e requalificação, da escandalosa situação da Estrada Nacional 117, entre o Pendão e Belas, por onde circulam, cada vez mais, pessoas e famílias com crianças, com risco da sua vida, face à inexistência de passeios e fraca iluminação;

- Por último manifestamos a nossa oposição à reorganização administrativa feita pelo governo PSD/CDS que levou à junção das duas freguesias, sem ouvir as populações e ignorando as decisões dos órgãos autárquicos locais; continuaremos a defender a existência das freguesias de Queluz e de Belas.

Destaquei propostas do nosso programa, que consideramos prioritárias.

Apelamos às restantes bancadas que cumpram com os seus programas e propostas, com os quais temos pontos de convergência.

Só desta forma poderemos contribuir para chamar os cidadãos à participação na política, na defesa da democracia.

Como dizia a Rosinda Beltrão, do Bloco de Esquerda, na instalação da Assembleia de Queluz em 2009:

“… Muito do trabalho que está por fazer não será, na sua maioria, da competência dos órgãos que brotam desta tomada de posse. Mas temos a obrigação de pressionar as entidades competentes e exigir-lhes que esse trabalho seja realizado.

Não é aceitável que esta Freguesia continue sem a construção de um novo Centro de Saúde, com as condições técnicas e humanas exigíveis…

Preservemos enquanto é tempo o pouco que resta, não esquecendo aqui a Quinta Nova para que também ela não seja alvo de um qualquer apetite.

A Quinta Nova é um espaço enorme e maravilhoso, por muitos desconhecidos, mas que tem que obrigatoriamente ser um espaço para usufruto da Cidade e dos cidadãos ….”

As suas palavras, que infelizmente se mantêm atuais, terminavam da forma como termino também a minha intervenção:

“… Contem com o BE para tudo quanto seja a defesa dos reais interesses de quem vive, trabalha e estuda nesta Freguesia...

Contem com a nossa oposição quando esses mesmos interesses não forem respeitados.”