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Professores em Luta!

José Barrroso Dias

“Um ataque contra os professores é sempre um ataque contra nós próprios, contra o nosso futuro. Resistindo, os professores, pela sua prática, são os guardiões da esperança.”[1]

Desde o dia 4 de junho, convocada pelo novo sindicato STOP, e desde o dia 18, pela FENPROF, FNE e outros sindicatos, os professores encontram-se em greve às avaliações, reivindicando a contagem da totalidade do tempo de serviço congelado, para efeitos de progressão na carreira.

Os professores, o maior grupo profissional da administração pública (cerca de 120.000) são a base e a estrutura de um dos pilares fundamentais do Estado Social e a resposta ao preceito constitucional do Direito à Educação. Os professores têm visto as suas condições de trabalho agravadas com uma enorme carga burocrática e administrativa, com o aumento do número de alunos por turma, em muitos casos em escolas com péssimas condições e com uma enorme falta de pessoal não docente. Professores com 7, 8 ou mais turmas, muitas vezes a dar aulas em várias escolas do mesmo agrupamento ou mesmo em agrupamentos diferentes, ou deslocados a centenas de quilómetros de casa. Tudo isto têm sofrido os professores, ao que se acrescenta a sua carreira e salários congelados durante mais de 9 anos, e que o governo tudo tem feito para não reconhecer na totalidade.  

Não nos esqueçamos ainda que, como afirma Ricardo Paes Mamede:

“1) Os professores não progridem na carreira apenas com base no tempo de serviço.

2) A progressão na carreira docente está sujeita a quotas e a restrições baseadas no desempenho.

3) A maioria dos professores ao serviço nunca chegará aos escalões superiores.

4) Uma proporção absurda de professores está há mais de uma década (muitos há duas) no primeiro escalão da carreira - mesmo que tenham sido sempre classificados com muito bom ou excelente (notas que estão sujeitas a quotas).

5) Os professores nāo entram de férias quando as aulas acabam. (…) a atribuição de notas, a vigilância e correcção de exames, a inscrição de alunos, a constituição de turmas, a elaboração de horários, o planeamento do ano lectivo, a organização logística de laboratórios, etc, não caem do céu aos trambolhões.”[2]

Por tudo isto, parece-me inegável a justeza desta luta e o direito dos professores a que lhes seja contado todo o tempo de serviço congelado.

 

José Barroso Dias, Eleito do Bloco em Massamá/Monte Abraão

Artigo publicado em "ACONTECE - Massamá e Monte Abraão em notícias", Junho de 2018

 

[1] José Luís Peixoto, in 'Visão (Revista)', escritor

[2] Ricardo Paes Mamede, economista