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Resíduos sólidos e sustentabilidade ambiental

O Bloco de Sintra promoveu a 13 de março um debate online sobre “Resíduos sólidos e sustentabilidade ambiental”, com a participação de Rui Berkemeier, ativista da Zero, Joana Ortigueira, investigadora do LNEG e do deputado bloquista Nelson Peralta.

Os oradores partilharam as suas visões sobre recolha e tratamento de resíduos, realçando possíveis soluções inovadoras para aumentar a eficiência e reduzir o impacto ambiental, e assinalando os maiores desafios que enfrentamos atualmente no país e concretamente no concelho de Sintra.

Rui Berkemeier mostrou como este tema é central para a vida das populações, realçando a importância do seu envolvimento ativo, através da educação e sensibilização. Exemplo disso são as soluções de recolha porta a porta, a compostagem doméstica e os sistemas de depósito com retorno de embalagens. No entanto, as responsabilidades públicas são talvez mais importantes no que toca, por exemplo, ao investimento e modernização de soluções e equipamentos, como é o caso da estrutura da Tratolixo em Trajouce. O ambientalista realçou ainda o incumprimento das empresas de recolha de resíduos e das empresas produtoras no pagamento das taxas de recolha seletiva às autarquias e do ecovalor das embalagens.

Nelson Peralta falou da necessidade de introduzir mudanças profundas no sistema económico, começando por reduzir resíduos, garantir mecanismos de equidade e solidariedade entre interior e litoral e criar novas políticas, incluindo taxas não repercutíveis sobre as tarifas, e novos fluxos de resíduos, incluindo o embalamento. O deputado bloquista apontou ainda a falha das políticas municipais, que não respondem às necessidades dos munícipes nem às metas europeias, e nas leis nacionais, que permitem uma economia baseada na proliferação de resíduos.

Joana Ortigueira debruçou-se sobre o desperdício alimentar e sobre as possibilidades existentes para a valorização, nomeadamente a compostagem centralizada. No fim, clarificou que a ideia nunca pode ser apenas responsabilizar as pessoas, mas sim ganhá-las para um consumo mais consciente e cuidadoso”, que ajude a gerir melhor os resíduos e traga exigência para o sistema de gestão.

Bruno Góis fez uma intervenção final em que lembrou que esta luta pela “transformação socioecológica” é muito ampla e tem diferentes facetas. O desafio é mudar a produção, consumo e tratamento de resíduos, virar a economia do lixo para uma economia centrada nas necessidades das pessoas e no respeito pelo meio ambiente. Ao nível local, as propostas autárquicas do Bloco para Sintra assumirão esta prioridade.

 A iniciativa insere-se num conjunto de encontros temáticos sobre questões de incidência municipal organizadas pela concelhia de Sintra do Bloco de Esquerda. O próximo debate está agendado para a primeira quinzena de abril e incidirá sobre habitação.