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Carujo: declaração de rendimentos de Basílio não pode deixar que debate sobre município fique em segundo plano

foto retirada de www.cm-sintra.pt
foto retirada de www.cm-sintra.pt

Basílio Horta, atual presidente da Câmara de Sintra revelou ao Observador que preencheu mal, dois anos consecutivos, as declarações que entregou no Tribunal Constitucional (TC) nos anos de 2010 e 2011. Dois “lapsos” a que se somará outro numa declaração posterior na Assembleia da República, em 2011. Declarou que que tinha uma conta a prazo no valor de 5,6 mil euros, quando na verdade eram de 5,6 milhões de euros.

Foi Carlos Narciso, um jornalista apoiante do candidato independente Marco Almeida, opositor de Basílio às eleições autárquicas, que num artigo revelou as suspeitas de que Basílio Horta teria aumentado a sua fortuna em mais de 7 milhões de euros entre 2010 e 2014. No título pode ler-se que o autarca de Sintra é o mais rico do país.

Confrontado com estes dados relatados esta quarta-feira no Observador, a assessoria de Basílio Horta esclarece que se tratou de “uma gralha” e que foram “declarados os rendimentos capitais desses depósitos”. Ao jornal Basílio Horta reagiu que se tratavam de acusações falsas e que não sabia o que era “ser rico”.

“Não tenho dívidas e sou independente, não dependendo nem de grupos económicos, nem de ninguém a não ser da minha família e dos meus munícipes. Isso é um ataque soez. E todos os dias sou difamado, injuriado”, acrescentou ainda o atual presidente da Câmara de Sintra.

Os assessores do candidato do PS à Câmara de Sintra asseguram que a fortuna de Basílio Horta se deve aos “rendimentos da cortiça, que renderam muito dinheiro” e por “ter passado a gerir os negócios do pai”. Ao jornal o autarca forneceu mesmo um extrato da conta bancária do ano de 2012 onde surge o valor da conta a prazo com os zeros todos, 5,6 milhões de euros.

Carujo: “este caso precisa ficar cabalmente esclarecido"

Para Carlos Carujo, candidato do Bloco de Esquerda à Câmara de Sintra o caso tem contornos estranhos e em declarações ao Esquerda.net afirma que “este caso precisa ficar cabalmente esclarecido para que a sombra da dúvida não fique a pairar sobre toda a campanha eleitoral desviando-nos das discussões fundamentais para o futuro do município”,

Em nota publicada no facebook, o candidato acrescentou que não podemos passar "o resto da campanha eleitoral em Sintra a discutir o Maserati de Basílio" mas sim "os transportes que verdadeiramente interessam ao povo: como ultrapassar a deterioração do serviço da CP na linha de Sintra, como promover os meios de transporte menos poluentes, como criar uma rede pública de transporte que sirva as periferias e as zonas rurais e se integre na Área Metropolitana, como criar um sistema de passes sociais que não penalize ainda mais quem já foi obrigado a viver longe do sítio onde trabalha"

Na lei do Controlo Público da Riqueza dos titulares de cargos políticos, o artigo 3º, referente ao incumprimento refere que “quem fizer declaração falsa incorre nas sanções previstas no número anterior e é punido pelo crime de falsas declarações, nos termos da lei.”